segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Sobre a relação entre o ser humano e a natureza


(artigo publicado no jornal Diário Popular no dia 9 de dezembro de 2008)

            Admitir que existe um problema ambiental bastante sério envolvendo todos os indivíduos do planeta Terra já parece ser prática comum entre todos aqueles que pertencem à última espécie da escala evolutiva dos seres vivos. Opiniões expressas por pessoas que pertencem ao senso comum e, principalmente, aos grupos de profissionais com o mais alto grau de especialização sobre esse assunto, garantem que a Terra precisa de ajuda.
            Há pouco tempo, assisti ao documentário intitulado A última hora, o qual conta com a opinião de vários profissionais engajados na luta contra ações que possam tornar o planeta Terra inabitável. Importantes reflexões parecem ser possíveis de serem levantadas a partir do que observei.
            Um fator que deve ser levado em consideração, o qual justifica a permanência desse estado de destruição constante, é a ilusória necessidade absorvida inconscientemente pelo ser humano de que ele sempre precisa suprir-se com coisas novas, com os produtos recém-lançados pelo mercado. Ao trazer à tona o fato de que pertencemos todos a uma sociedade capitalista, em que a movimentação do capital é o que sustenta o sistema, devemos não nos deixar alienar por um pensamento de que as coisas são assim porque é natural que sejam assim, ou porque alguma força sobrenatural o deseja dessa forma. Ao adotarmos essa prática estamos sustentando a perpetuação do mercado de produção de coisas inúteis. Esse sistema foi imposto pelo próprio ser humano, e a um custo muito alto: a depredação de florestas, a extinção de animais, a impossibilidade de respirar ar puro, as mudanças climáticas, a alimentação modificada, a ingestão de substâncias tóxicas, o contato com elementos invisíveis que irradiam perigo, para citar alguns.
Todos somos habitantes desse planeta em esgotamento. Somos indivíduos que, sabendo que sabemos, deveremos retornar à ausência de razão por sermos irracionais.
            Por isso, faço uma sugestão: amemos mais os seres humanos. Ao amar mais os humanos, acredito que possamos amar mais a natureza. A matemática é simples: nossa energia afetiva pode ser direcionada para as pessoas, e não para as coisas. A energia não se perde; sua direção é que muda. Dessa forma, passamos a cuidar mais uns dos outros, a prestar mais atenção às pessoas: o que falam, como se sentem. Passamos a aprender mais. Se a sociedade principiasse a embasar sua relação com o mundo a partir desse pensamento, provavelmente precisaríamos menos das coisas. As pessoas prestariam mais atenção às outras pessoas, e a alimentação desse sistema de consumo de bens materiais os quais não servem para nada ficaria em segundo plano. Por sua vez, a natureza não teria tanto prejuízo, pois a sua depredação seria menor ao não existir mais a necessidade de extrair dela matéria-prima para produzir coisas inúteis.
Portanto, sugiro que, ao invés de darmos valor a coisas, a objetos cujo valor é transitório, cuidemos mais das pessoas, por quem sempre se dará o mais alto valor e de quem sempre precisaremos. Nessa relação, pode-se concluir que, se admitirmos que o ser humano não é separado da natureza, mas parte dela, ou seja, se o ser humano é apenas o terceiro chimpanzé, conforme é mencionado no documentário referido anteriormente, poderemos, por conseguinte, cuidar mais da natureza. Se nos amarmos mais, possivelmente não mataremos a nós mesmos, e isso acontece quando destruímos a natureza.
           
Luciana Iost Vinhas

Modesta proposta para a superação da fome no Brasil

É com profunda tristeza que nós, nutricionistas brasileiros, bem como a população em geral, temos que lidar com o grave problema da fome.
No entanto, após longos anos de dedicação e estudo, posso afirmar que encontrei a solução necessária. É grande a quantidade de pessoas que diariamente não têm o que comer, devido à situação de miséria. Sendo assim, desenvolvi minha teoria para sua superação. Considerando que essa população não tem o que comer, e que não se tem mais lugar para o lixo gerado, acredito que o lixo daria uma boa alimentação diária.
Ao mesmo tempo em que estaria saciando a fome de milhões de brasileiros, estaríamos evitando a acumulação de lixo no meio ambiente. De acordo com um conhecido meu nos Estados Unidos, o plástico demora anos para ser digerido, saciando, assim, a população por um longo período.
Pode-se também levar em conta que o plástico não tem amidos, nem calorias; portanto, não há riscos de engordar e criar gorduras localizadas (para a felicidade das mulheres). Da mesma forma, não há açúcar no plástico, o que descarta a possibilidade de diabetes.
Há, também, o papel, o qual pode ser digerido mais facilmente, podendo, assim, ser consumido por crianças na sua fase de desenvolvimento. Mas, como outra alternativa, temos o ferro, que garante peso ideal para cada um.
Segundo minha orientadora (já que a teoria é minha tese de doutorado), essa seria a medida mais cabível ao problema de fome e de acumulação do lixo. As pessoas deixariam de comprar alimentos industrializados, causadores de muitas doenças, e passariam a consumir materiais inorgânicos, já que é possível aproveitar as embalagens para consumo.
Minhas pesquisas revelam que a população brasileira poderá ter o alimento de todo dia retirado gratuitamente dos lixões. Os lixos espalhados pelo Brasil são suficientes para sustentar a população durante 77 anos. Diz um amigo meu, sociólogo de Manaus, natural de São Paulo, que esse processo detonaria o capitalismo pelo fato de as pessoas não precisarem trabalhar, não gerando, assim, os lucros que visa o capitalismo.
Por fim, defendo que essa teoria é útil e necessária para garantir a alimentação de toda a população e, ao longo dos anos, acabar com o acúmulo do lixo, sem contar nos milhões de animais que seriam preservados pelo não consumo de carne. A biodiversidade será recuperada, considerando que não mais seriam consumidos vegetais. Assim, além de beneficiar o meio ambiente, estaríamos vivendo de uma forma muito boa, com tempo suficiente para educar nossos filhos, com alimento garantido e sem exploração e alienação.

Joseane Schabarum

Modesta proposta para a circulação de idéias no blog da Fronteira Sul em (Dis)curso


 Em 1729, Jonathan Swift, considerado o maior dos satiristas britânicos, escreveu um texto chamado “Modesta Proposta para evitar que as crianças pobres da Irlanda se tornem um fardo para seus pais ou para seu país, e para torná-las benéficas ao público”. Desgostoso com a conjuntura irlandesa da época, seu objetivo era se passar por um estudioso que defendia o canibalismo como melhor resposta para a erradicação da pobreza. No texto são desenvolvidos argumentos coerentes e bem fundamentados para a viabilização da proposta, sendo feita uma crítica arrasadora tanto à população da Irlanda quanto à postura da Inglaterra frente ao problema da pobreza irlandesa.
Com base nisso, a fim de que os acadêmicos textualizassem estratégias de argumentação, foi pedido que escrevessem modestas propostas sobre diferentes temas. Algumas delas serão aqui expostas na coluna que se intitula “modestas propostas”.
O primeiro texto é da aluna Joseane Schabarum, do Curso de Nutrição. Ela fala sobre como acabar com a fome no Brasil.

domingo, 12 de setembro de 2010

Pouca Vogal

Contrapondo com a banalização da música brasileira e a degradação da relações humanas, alguns artistas continuam fazendo arte no seu estado mais poético e revolucionário. Pouca Vogal é uma parceiria de Humberto Gessinger ( Engenheiros do Hawaii) e Duca Leindedecker (Cidadão Quem), ainda vincula a musica 'a beleza e outras possibilidades de sentimento. A banda esteve em Francisco Beltrão na última segunda-feira, 06 de setembro, véspera de do feriado da Independência Brasileira. Uma amostra da poesia da banda pode ser vista na música abaixo transcrita.

A força do Silêncio
(Duca Leindecker - Pouca Vogal)

Pra que tanta inteligência? Por que tanta emoção?
Qualquer coisa em excesso faz sucesso meu irmão
Tanta gente com certeza, quanta gente sem noção
Em excesso até o fracasso faz sucesso por aí
E eu tenho fé na força do silêncio

Se as flores vão berrando no Sol ensurdecedor
Fecho os olhos, outro mundo,vou morar no interior
Transbordou a mesa ao lado do Tsunami arrasador
Fecho os olhos, outro mundo, vou morar no interior
E eu tenho fé na força do silêncio.

A fé que me faz aceitar o tempo
Muito além dos jornais
E assim mergulhar no escuro
Pular o muro pra onde passar.

Vi um punk na farmacia atrás de um protetor solar
Baile funk no plenário, ambulância quer passar
Futebol... mesa-redonda... exorcista... camelô
A onda agora é outra onda um tsunami arrasador.

E eu tenho fé na força do silêncio
A fé que me faz aceitar o tempo
Muito alem dos jornais
E assim mergulhar no escuro
Pular o muro pra onda passar.