segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Crônica nossa de todos os dias

Um dos fatores determinantes da crônica é a relação que possui com o momento de produção. Ela é caracterizada por ser altamente contextualizável. Contudo, alguns desses textos ultrapassam as fronteiras do tempo e do espaço. Esse é o caso da crônica transcrita abaixo, de autoria de Luis Fernando Verissimo. Você também concorda que se trata de um texto atual??

ASSALTO A BANCO

- Alô? Quem tá falando?
- Aqui é o ladrão.
- Desculpe, a telefonista deve ter se enganado, eu não queria falar com o dono do banco. Tem algum funcionário aí?
- Não, os funcionário tá tudo refém.
- Há, eu entendo. Afinal, eles trabalham quatorze horas por dia, ganham um salário ridículo, vivem levando esporro, mas não pedem demissão porque não encontram outro emprego, né? Vida difícil... mas será que eu não poderia dar uma palavrinha com um deles?
- Impossível. Eles tá tudo amordaçado.
- Foi o que pensei. Gestão moderna, né? Se fizerem qualquer crítica, vão pro olho da rua. Não haverá, então, algum chefe por aí?
- Claro que não mermão. Quanta inguinorânça! O chefe tá na cadeia, que é o lugar mais seguro pra se comandar assalto!
- Bom... Sabe o que é? Eu tenho uma conta...
- Tamo levando tudo, ô bacana. O saldo da tua conta é zero!
- Não, isso eu já sabia. Eu sou professor! O que eu queria mesmo era uma informação sobre juro.
- Companheiro, eu sou um ladrão pé-de-chinelo. Meu negócio é pequeno. Assalto a banco, vez ou outra um seqüestro. Pra saber de juro é melhor tu ligá pra Brasília.
- Sei, sei. O senhor tá na informalidade, né? Também, com o preço que tão cobrando por um voto hoje em dia... mas, será que não podia fazer um favor pra mim? É que eu atrasei o pagamento do cartão e queria saber quanto vou pagar de taxa.
- Tu ta pensando que eu tô brincando? Isso é um assalto!
- Longe de mim pensar que o senhor está de brincadeira! Que é um assalto eu sei perfeitamente; ninguém no mundo cobra os juros que cobram no Brasil. Mas queria saber o número preciso: seis por cento, sete por cento?
- Eu acho que tu não tá entendendo, ô mané. Sou assaltante. Trabalho na base da intimidação e da chantagem, saca?
- Ah, já tava esperando. Você vai querer vender um seguro de vida ou um título de capitalização, né?
- Não... já falei... eu sou... Peraí bacana... hoje eu tô bonzinho e vou quebrar o teu galho.

(um minuto depois)

- Alô? O sujeito aqui tá dizendo que é oito por cento ao mês.
- Puxa, que incrível!
- Incrível por que? Tu achava que era menos?
- Não, achava que era mais ou menos isso mesmo. Tô impressionado é que, pela primeira vez na vida, eu consegui obter uma informação de uma empresa prestadora de serviço pelo telefone em menos de meia hora e sem ouvir ‘Pour Elise’.
- Quer saber? Fui com a tua cara. Acabei de dar umas bordoadas no gerente e ele falou que vai te dar um desconto. Só vai te cobrar quatro pro cento, tá ligado?
- Não acredito! E eu não vou ter que comprar nenhum produto do banco?
- Nadica de nada, já tá tudo acertado!
- Muito obrigado, meu senhor. Nunca fui tratado dessa...

(De repente, ouvem-se tiros, gritos)

- Ih, sujou! Puliça!
- Polícia? Que polícia? Alô? Alô?
(sinal de ocupado)
- Droga! Maldito Estado: quando o negócio começa a funcionar, entra o Governo e caga tudo!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Primeiras considerações sobre a trilha ecopoética

Uma das atividades que serão desenvolvidas na EXPOREAL 2010, programada para acontecer em Realeza de 12 a 15 de novembro, é a “Trilha Ecopoética”, organizada pela Profa. Caroline Voltolini. O objetivo da trilha é provocar nos visitantes questionamentos em relação à problemática ambiental através de elementos artísticos dispostos em uma trilha construída em terreno com vegetação.
Para começar a impulsionar a reflexão sobre a importância do estabelecimento de uma relação harmônica entre o ser humano e a natureza, apresentamos o vídeo intitulado “A história das coisas”. Para ver, pensar e... romper?!

Luciana Vinhas


sexta-feira, 15 de outubro de 2010

15 de outubro - dia do professor

Muito mais que homenagem o professor precisa de estrutura para realizar  sua função.

Em entrevista a revista Folha   Dirigida LEonardo Boff  faz uma analise de conjuntura da sociedade e a importancia do Professor.



Folha Dirigida — O que é fundamental existir na escola para que, ao sair dela, o aluno leve consigo seu certificado de cidadania. De qual instrumento a escola deve dispor para formar cidadãos conscientes de seus valores sociais, morais, culturais, éticos e étnicos?
Boff — A melhor formação para a cidadania é aquela em que o estudante seja confrontado com as realidades nuas e cruas à sua volta. A realidade complexa e, não raro contraditória, obriga a pensar. O estudante interage com ela, aprende a identificar as causas dos problemas sociais, identifica valores vividos pela população e, no diálogo, busca alterntivas viáveis. Esse processo de ligação escola-comunidade significa uma verdadeira escola de democracia participativa. Ele forja os cidadãos adequados a essa forma de relacionamento, considerado como o melhor excogitado pela filosofia política.
Folha Dirigida — O senhor acredita que uma educação de qualidade depende, fundamentalmente, de investimentos e do nível salarial dos professores?
Boff — Uma educação de qualidade não vive apenas de generosidade e criatividade de seus operadores. Ela precisa de uma infra-estrutura adequada que desonera os educadores de demasiadas preocupações com a sobrevivência e lhes forneça os instrumentos para realizar a obra educativa. Educar, já se disse, não é encher uma vasilha vazia, mas acender uma luz nas mentes dos educandos. Honrar essa missão implica que se mantenha um nível digno de salários e que haja investimentos fortes nos processos educativos. Sem a educação nenhum povo deu o salto de qualidade rumo a sua autonomia e ao pleno desenvolvimento.
Folha Dirigida — Como vê o papel da universidade na sociedade?
Boff — A inteligência brasileira tem uma dívida enorme com o povo. Poucos temos, e é um direito termos, o afortunado privilégio de chegar a estudos mais avançados. As universidades são as chocadeiras de um sistema que se reproduz a si mesmo, criando seus quadros. Poucas universidades criaram a cidadania acadêmica, política, fizeram a aliança entre a inteligência e a miséria. Acho que este é o desafio, promover o casamento dos excluídos, humilhados e ofendidos de nossa história com a inteligência; articular o saber popular, feito de experiência e luta, com o saber acadêmico, feito de crítica e ciência. Dois saberes diferentes, mas úteis para construir um país mais rico.
Todos na universidade devem ser um pouco anticultura, antiuniversidade, contra a universidade que atende aos interesses de um sistema de profundas desigualdades. Temos que resgatar aquela memória ancestral, medieval, das universidade que era um lugar onde todos os saberes tinham lugar, porque o saber tem que passar por um filtro crítico, tem que se confrontar com outro, para ser plenamente humano e construtivo, e não ideológico, obedecendo ao interesse de pessoas que têm mais força.
Isso é o apanágio de toda a tradição ocidental de universidade, que foi reafirmada pela grande reforma das universidades alemãs em 1908, 1909, e que quando Napoleão (Bonaparte) assumiu, se espalhou por todas as universidades do mundo. A universidade contemporânea nasce da crítica das ideologias e da crítica de como a sociedade se constrói. A grande contribuição que a tradição marxista trouxe foi discutir o caráter ideológico de todos os saberes, porque ideologia não é o saber, mas a forma como se usa o saber. Podemos fazer uso desse saber para legitimar privilégios, para consolidar interesses, ou pode ser um saber crítico, que coloca no centro a sociedade. O desafio é fazer o estudante sair da universidade com a cidadania enriquecida, a crítica mais atenta e organicamente vinculados àqueles que nunca tiveram o privilégio de freqüentar uma escola, de sequer entrar no espaço de uma universidade. Que ela seja uma arma para inventar um outro Brasil, mas não queremos inventar a partir da universidade, mas com a universidade junto, organicamente ligada àqueles que estão lutando por seus direitos. As grandes nações européias, o próprio Estados Unidos, a Coréia arrasada pela guerra, um país mais atrasado do que nós, o Japão liquidado pelas bombas, se tornaram grandes países porque souberam unir todos os saberes para formar um povo que tinha um sonho de uma outra nação.

 fonte: http://www.folhadirigida.com.br/professor/Cad03/EntLeonardoBoff.html

Para não dizer que não falei do Rio Grande... Uma pequena reflexão sobre identidades e identificações

Eu estava lendo algumas coisas na internet e encontrei um texto intitulado "Estética do Frio", de autoria do Vitor Ramil. O texto foi publicado na íntegra em forma de livro.
Decidi traze-lo à tona porque, ao fazer a leitura do texto, fiquei muito emocionada, principalmente por perceber que o Rio Grande não está tão longe como parece. Aqui no sudoeste do Paraná encontrei uma terra que, em muitos aspectos, se parece com a minha. Esse fato tem tornado o processo de adaptação à nova querência mais natural. Contudo, o que mais me chamou a atenção foi a presença de pessoas guerreiras e questionadoras, o que me remete ao povo do extremo sul do país, como é explicado no "estética". As fronteiras são uma mera formalidade, e o estereótipo, uma exacerbação da diferença. Aqui, somos todos um.
Peço perdão àqueles que não se sensibilizam com o meu saudosismo demasiado, mas decidi compartilhar com minha nova família um pouco sobre a identidade do gaúcho, retratada pelo autor no seu texto. Um pedaço dele está no link que segue, disponibilizado no site do autor.
E, finalizando, "não tá morto quem peleia"...

            Estética do frio: http://www.vitorramil.com.br/textos/estetica_p.htm

Luciana Vinhas

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

À DIFERENÇA


Hoje em dia, para ter um bom futuro, cobra-se cada vez mais um bom ensino superior, talvez um mestrado e, por que não, um doutorado. O mercado de trabalho está se tornando uma competição e, por isso, devemos procurar uma boa instituição para um curso superior. Diante disso, por que não a UFFS?
Muitos perguntam se devem arriscar indo para uma universidade totalmente nova. Eu não tive dúvidas. Por ser tão nova é possível, desde o começo, ter uma boa cobrança e ir construindo a universidade e crescendo juntamente com ela. Além disso, os membros da universidade têm dado uma dedicação máxima para deixar os alunos satisfeitos. Com isso, cobra-se um bom aprendizado para que, futuramente, todos saiam com uma qualificação profissional ampla.
Assim, espero contribuir para o bom desenvolvimento e conservação da UFFS, e não só eu, mas que todos também façam a sua parte. E, então, essa será uma universidade que, no futuro, fará toda a diferença.

Luciana Gibbert

Por uma Universidade com a nossa cara!


          A Universidade Federal da Fronteira Sul começou suas atividades de ensino com menos de um ano de criação. Os alunos que ingressaram em 2010 estão tendo a oportunidade única de participarem da construção de uma instituição de ensino superior. Nesse sentido, a UFFS é de quem nela se insere e sua identidade é por essas pessoas determinada. Além disso, desde o início, preocupa-se com as necessidades da região na qual foi implantada.
          Alguns alunos que estão freqüentando as aulas na UFFS escreveram textos sobre como podem ajudar na consolidação da universidade e, da mesma forma, como a universidade mudaria as suas vidas. Esses textos serão aqui publicados. Luciana Gibbert, aluna de Nutrição, apresenta suas idéias sobre essa questão.