(artigo publicado no jornal Diário Popular no dia 9 de dezembro de 2008)
Admitir que existe um problema ambiental bastante sério envolvendo todos os indivíduos do planeta Terra já parece ser prática comum entre todos aqueles que pertencem à última espécie da escala evolutiva dos seres vivos. Opiniões expressas por pessoas que pertencem ao senso comum e, principalmente, aos grupos de profissionais com o mais alto grau de especialização sobre esse assunto, garantem que a Terra precisa de ajuda.
Há pouco tempo, assisti ao documentário intitulado A última hora, o qual conta com a opinião de vários profissionais engajados na luta contra ações que possam tornar o planeta Terra inabitável. Importantes reflexões parecem ser possíveis de serem levantadas a partir do que observei.
Um fator que deve ser levado em consideração, o qual justifica a permanência desse estado de destruição constante, é a ilusória necessidade absorvida inconscientemente pelo ser humano de que ele sempre precisa suprir-se com coisas novas, com os produtos recém-lançados pelo mercado. Ao trazer à tona o fato de que pertencemos todos a uma sociedade capitalista, em que a movimentação do capital é o que sustenta o sistema, devemos não nos deixar alienar por um pensamento de que as coisas são assim porque é natural que sejam assim, ou porque alguma força sobrenatural o deseja dessa forma. Ao adotarmos essa prática estamos sustentando a perpetuação do mercado de produção de coisas inúteis. Esse sistema foi imposto pelo próprio ser humano, e a um custo muito alto: a depredação de florestas, a extinção de animais, a impossibilidade de respirar ar puro, as mudanças climáticas, a alimentação modificada, a ingestão de substâncias tóxicas, o contato com elementos invisíveis que irradiam perigo, para citar alguns.
Todos somos habitantes desse planeta em esgotamento. Somos indivíduos que, sabendo que sabemos, deveremos retornar à ausência de razão por sermos irracionais.
Por isso, faço uma sugestão: amemos mais os seres humanos. Ao amar mais os humanos, acredito que possamos amar mais a natureza. A matemática é simples: nossa energia afetiva pode ser direcionada para as pessoas, e não para as coisas. A energia não se perde; sua direção é que muda. Dessa forma, passamos a cuidar mais uns dos outros, a prestar mais atenção às pessoas: o que falam, como se sentem. Passamos a aprender mais. Se a sociedade principiasse a embasar sua relação com o mundo a partir desse pensamento, provavelmente precisaríamos menos das coisas. As pessoas prestariam mais atenção às outras pessoas, e a alimentação desse sistema de consumo de bens materiais os quais não servem para nada ficaria em segundo plano. Por sua vez, a natureza não teria tanto prejuízo, pois a sua depredação seria menor ao não existir mais a necessidade de extrair dela matéria-prima para produzir coisas inúteis.
Portanto, sugiro que, ao invés de darmos valor a coisas, a objetos cujo valor é transitório, cuidemos mais das pessoas, por quem sempre se dará o mais alto valor e de quem sempre precisaremos. Nessa relação, pode-se concluir que, se admitirmos que o ser humano não é separado da natureza, mas parte dela, ou seja, se o ser humano é apenas o terceiro chimpanzé, conforme é mencionado no documentário referido anteriormente, poderemos, por conseguinte, cuidar mais da natureza. Se nos amarmos mais, possivelmente não mataremos a nós mesmos, e isso acontece quando destruímos a natureza.
Luciana Iost Vinhas
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